Caro leitor, quero nesse texto compartilhar com você aquela que considero, se não a pior, a mais alucinante crise de pânico que já tive.
Me chamo Maria Tereza, tenho 67 anos e moro no estado do Amazonas. Após conversar com o Matheus, fundador do Tchau, pânico!, apoiei a ideia de também expor minhas experiências com essa doença aqui no site e ajudar aqueles que, de alguma forma, possam se sentir confortados ao ler.
Recentemente, inclusive, publicamos juntos um resumo da minha vida com essa doença no texto “Minha vida com a síndrome do pânico – Por Maria“, e hoje quero contar mais detalhes sobre uma terrível crise que tive. Portanto, se arrume na poltrona e seja bem-vindo à minha história.
O despertar da crise
Por volta dos meus 40 anos, em certa ocasião, lá estava eu caminhando de volta para casa entre 18h e 19h. Acabara de sair de uma palestra sobre dinâmica organizacional no serviço público e vinha repassando algumas falas durante o caminho. De repente, antevi que na rua em que eu estava (já próxima de casa), no sentido contrário ao meu, vinha uma matilha de cães enfurecida. Pensei em voltar correndo, mas não daria tempo, pois eles me alcançariam e não havia ninguém em volta para pedir socorro.
Vi um orelhão do outro lado da rua e atravessei rapidamente. Em desespero e já chorando, peguei o telefone e liguei a cobrar para meu marido, pois eu não tinha fichas. Para meu espanto (e sorte!) ele atendeu e imediatamente supliquei: “Pelo amor de Deus venha agora até a esquina me buscar! Os cães estão vindo e vão me atacar!” Ele não entendeu nada e pediu para que eu explicasse o que estava acontecendo. Avisei a ele que depois eu contaria em detalhes, mas que agora viesse rápido ou não daria tempo.
Durante a ligação, ele me lembrou que eu já estava próxima à rua de casa, pois eu havia informado que estava junto ao telefone público. Supliquei novamente que viesse, soltei o telefone, me escorei no muro e escorreguei para o chão, cobrindo o rosto com as mãos e chorando desesperadamente. Finalmente meu marido chegou, mas me crivando de tantas perguntas que eu só conseguia repetir “Por favor, eu só quero ir pra casa!“. Não haviam respostas.
O diagnóstico: Pânico
A crise havia amenizado e eu estava perplexa ante minhas próprias interrogações. Não conseguia entender o que acontecera, pois tudo ocorreu de maneira súbita. Naquele momento eu já tinha uma consulta marcada com psiquiatra e neurologista, então aproveitei para levar esse relato para ambos. E foi nesse período que então recebi o diagnóstico: Síndrome ou transtorno do Pânico.
Confesso que levei um tempo para aceitar que esse episódio dos cães tivesse algo a ver com isso. Foi diferente de todos os outros, pois tive alucinações. Os cães com expressões enfurecidas eram tão reais… E por que cães? Sempre os amei. Não fazia o menor sentido! Comecei a achar que estava ficando louca e que estava perdendo meu controle mental de vez. Era só uma questão de tempo! Pelos exames, nessa ocasião, a epilepsia não estava ativa (sim, fui diagnosticada com epilepsia aos 12 anos de idade) e, em paralelo, eu fazia terapia.
O pós crise
Não tive outra crise de pânico exatamente igual a essa, mas por muito tempo estive sob seu efeito. Receava que me acontecesse novamente algo desse tipo em lugares longe de casa. E foi nessa época que comecei a evitar sair só. A insegurança me dominou de tal forma que até as caminhadas que fazia todas as noites no conjunto onde morava não consegui mais fazer sem companhia. Tentava… Ficava andando em frente de casa de um lado para o outro, mas tudo em mim se acelerava a tal ponto que eu corria para dentro de casa.
Algumas vezes assustei meu próprio filho, na época com 12 anos. Entrava em seu quarto e dizia: “Um abraço, por favor!” E ele perguntava: “Mãe, você tá bem? O que houve?” E eu, que até então evitara falar para ele a respeito disso, resolvi contar tudo. E fico feliz por ter feito, pois meu menino, hoje já um homem, se tornou meu grande aliado em várias ocasiões!

Gostaria de mais informações..por gentileza !! obrigadaaa
Olá Selma! Muito obrigado por seu comentário e interesse em nosso conteúdo.
Mais informações estão disponíveis na página “Conte sua história”, onde explico mais detalhes sobre como podemos compartilhar a sua história aqui no site também!
Te aguardo lá =). Um grande abraço no coração!