“Gatilhos” e “crises de pânico”… Termos, infelizmente, muito populares atualmente. Se você já visitou esse blog sabe que lido com essa doença desde 2016. Hoje, graças às consultas em terapia, consigo enxergar os principais gatilhos que, por diversas vezes, foram os propulsores das minhas crises de pânico.
Os itens que citarei aqui talvez sejam bastante normais e inofensivos para você. Afinal de contas que mal essas coisas simples podem causar? Porém, dentro da cabeça de um jovem em crise essas coisas simples podem ser transformadas em algo absurdamente doloroso. Bem, vamos então dar nomes aos bois.
1. Viagens
Contei nos posts Minha 1ª experiência com a síndrome do pânico e Uma nova crise de pânico depois de anos como surgiram minhas primeiras crises. Entre elas há um ponto em comum fundamental: viagens.
Meu primeiro episódio, em fevereiro de 2016, aconteceu durante uma viagem, cerca de duas semanas após eu ter deixado minha casa. Lutei até onde pude naquela ocasião, mas depois de 35 dias eu não resisti e voltei para casa bem antes do que deveria. De maneira similar, o meu segundo caso de pânico, em setembro de 2019, também aconteceu no meio de uma viagem.
Desde então, essa palavra se tornou um enorme desafio para mim. Passeios em lugares próximos e de curta duração, por exemplo, não costumam me causar mal. Porém, idas para lugares mais longes (especialmente no exterior) são motivos de calafrios. Tive sérios problemas com ansiedade nas 3 vezes em que tive a oportunidade de viajar para fora do país e, em todas elas, retornei para casa antes do planejado.
2. Quebras de rotina
Faço parte da população que gosta de ter uma rotina e me sinto perdido quando ela é quebrada de forma drástica. Mudanças muito radicais e repentinas não fazem parte da minha lista de pontos fortes. Sair de férias do trabalho, por exemplo, é algo que tradicionalmente me deixa preocupado. Afinal de contas, aquela rotina diária de acordar cedo e ir trabalhar é eliminada por certo tempo.
Em 2019, quando comecei a ter crises mais fortes e duradouras, tirar férias era horrível para mim. Na minha cabeça, meu trabalho era a principal forma disponível para fugir das crises, afinal de contas, lá eu tenho minha rotina e consigo distrair minha mente. Por um bom tempo enxerguei meu emprego como uma ferramenta poderosa contra o pânico. Assim, os períodos de férias costumavam ser motivos de sofrimento, pois eu estaria longe desse “lugar de cura” e propenso a ter uma nova crise.
Demorou, mas felizmente hoje consigo lidar melhor com isso. Ao longo dos anos e graças à terapia me tornei um pouco mais resiliente. Meu trabalho já não representa mais o “lugar de cura” e me afastar de lá por certo tempo já não me causa tanta preocupação. Admito que os primeiros dias longe ainda costumam me deixar meio desnorteado, mas em uma intensidade muito menor. E que assim siga, certo?
3. Zona de conforto
Sim, sou um daqueles que facilmente se atira na rede da zona de conforto. Assim como no ponto anterior, saídas muito bruscas dessa zona me deixam preocupado. É claro que o tamanho dessa preocupação depende da distância que estou dela.
Minha primeira psicóloga – Ceura – certa vez compartilhou comigo uma imagem similar à foto abaixo. Acho ela muito boa e por isso trago aqui nesse post.
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No meu caso, durante os momentos de crise oriundos de saídas da zona de conforto, eu costumava ficar muito tempo estagnado na chamada zona do medo. Ali o medo, pânico, angústia e todo aquele caos emocional me abraçavam. Felizmente hoje sou um Matheus um pouco diferente. Ainda fico um certo tempo parado nessa bendita zona, mas consigo sair de lá mais rápido do que antes.
Então…
E agora eu te pergunto: Algum desses gatilhos que citei é capaz de despertar crises de ansiedade e pânico em você? Não vou te julgar caso você diga que não e os ache simples demais, pois eles realmente parecem inofensivos. Porém, não esqueça que essa doença tem o poder de transformar coisas simples em algo maior e mais doloroso do que realmente é.
Caso você se sinta confortável, por favor compartilhe conosco nos comentários alguns dos seus gatilhos ou situações que te deixam sem chão. Você já teve a experiência de ter dentro da sua cabeça uma mosquinha sendo transformada em um Godzilla com fome?
Te vejo no próximo texto!
Também viajar me perturba. Trouxe um pouco da minha rotina incluindo academia. Fez toda a diferença.
Até ir ao bairro ao lado do meu tenho pânico, os passeios com meu 🦮 são bem curtos, multidão me dá medo, fui ao shopping com minha filha e meu neto, e só sabe Deus o qto sofri. Vou ao supermercado em 1/2 hora., é o qto suporto.
Olá Maria. Muito obrigado por compartilhar um pouco da sua história conosco.
Sim, só Deus sabe o tamanho do sofrimento que essa doença pode trazer. Coisas que deveriam ser simples podem se tornar um tormento pra gente. Dói, e dói muito.
Você faz algum acompanhamento com psicólogo(a)? Esse profissional é parte essencial no nosso tratamento (experiência própria). Eles conhecem as ferramentas e podem ajudar a quebrar esses medos pouco a pouco. Não enfrente essa batalha sozinha!
Um grande abraço no coração.