Minha vida com a síndrome do pânico – Por Maria

Texto também disponível em áudio.

Caro leitor, quero através desse texto compartilhar com você um breve resumo da minha vida com a síndrome do pânico. Me chamo Maria Tereza, tenho 67 anos e moro no estado do Amazonas.

Após conversar com o Matheus, proprietário do Tchau, pânico!, apoiei a ideia de também expor minhas experiências com essa doença e ajudar aqueles que, de alguma forma, possam se sentir confortados ao ler. Portanto, se arrume na poltrona e seja bem-vindo à minha história.

Os primeiros passos

Posso dizer que tive uma infância e adolescência conturbadas, pois desde muito nova sofro com epilepsia. Fui diagnosticada com a doença aos 12 anos de idade, mas o controle das crises convulsivas só aconteceu quando já adulta, após meus 20 anos.

Depois de alguns anos de relativa tranquilidade comecei a ter algumas crises “não identificadas” que me levaram ao atendimento de urgência várias vezes. Durante esses episódios eu geralmente sentia alguns sintomas bem marcantes como taquicardia, pressão instável, confusão mental, frio, sensação de despersonalização e medo, MUITO medo!

Então, por volta dos meus 40 anos, o diagnóstico veio: Síndrome do pânico.

O pânico na minha vida

Até então eu nunca ouvira nada a respeito dessa doença e o psiquiatra, na ocasião, falou que o histórico com a epilepsia me deixava predisposta a ela. A partir daí comecei meu tratamento com medicação e terapia adequadas.

Ao longo do tempo pesquisei mais a respeito e encontrei relatos de pessoas que, apesar das várias dificuldades, haviam superado essa doença. Entretanto, também vi outros tantos que, mesmo com acompanhamento e suporte adequados, alternavam entre breves momentos de melhoras e recaídas. É claro que devido a esta condição, as pessoas deste último grupo precisaram mudar seus modos de vida para se adequarem ao que o transtorno lhes permitia. E, infelizmente, eu sou um desses casos.

Perdi minha autonomia de ir e vir, e por anos tenho vivido assim. Resisti muito à ideia de ter minha vida controlada novamente por um fator de saúde, já que passei boa parte da juventude preocupada com as crises epiléticas. Em certa altura do campeonato precisei me ater aos cuidados para evitar “passar mal em público” (principalmente estando sozinha). Assim, estou há quase 20 anos restrita a ir da minha casa para o trabalho e de lá de volta para casa. Eventualmente consigo companhia ou carona para ir ao supermercado e raramente para outros lugares além destes.

Hoje

Hoje posso dizer que já me acostumei (ou quase) a esse modo de vida, por força das circunstâncias. Confesso que não é o tipo de vida que eu gostaria de ter, mas precisei me adequar. Felizmente desenvolvi com o tempo um pouco mais de controle, pois adotei alguns recursos que me permitem segurar a onda. E nas vezes que não consigo recorro a um ansiolítico.

Após aproximadamente 30 anos sem convulsão, tive um novo episódio no final de 2023. Precisei então voltar ao uso de medicação específica para epilepsia também. Hoje estou mais resignada com minha condição, pois entendi que esses transtornos não afetam as pessoas da mesma forma e de um modo padrão. Alguns conseguem resgatar suas vidas após períodos de contratempos. Para outros, entretanto, resta cultivar a resiliência.

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