Veja 3 formas que tenho para lidar com as crises de pânico

Texto também disponível em áudio.

Aqueles que já enfrentaram crises de pânico sabem que é muito difícil lidar com esses momentos e sair sem nenhuma cicatriz. Como a nossa leitora Cleusa comentou no post Uma nova crise de pânico depois de anos, essa doença fere a alma profundamente.

Assim, nesse texto eu quero te contar sobre algumas das minhas formas de lidar com momentos de “semicrises”. Uso esse termo “semicrises” para classificar aquelas de baixa e média intensidade que aconteceram mesmo durante o uso de remédios controlados. Hoje, relembrando alguns desses episódios, consigo notar em mim um certo padrão de comportamento, os quais compartilho com você.

1. Manter a mente ocupada

Tirar o foco do turbilhão e preencher minha mente com outras coisas é algo que pratico muito. Trabalhar, caminhar, jogar bola, dirigir, tomar chimarrão e limpar a casa são coisas que costumam me ajudar nesses momentos. Infelizmente, dependendo da intensidade da crise, aquela sensação ruim ainda fica ali me rondando por um tempo. É como se ela estivesse sentada em um banco esperando uma leve desatenção da minha mente para voltar.

É claro que isso é uma espécie de mecanismo de fuga para não precisar sofrer novamente. Meu psicólogo (William – @psicowg), porém, já me alertou que, apesar da dor, é importante não fugir desses pensamentos, mas sim enfrentá-los. Ele me orientou a, quando surgirem as sensações ruins, tentar identificar que aquilo está acontecendo, dar um passo para trás para enxergar a situação e conversar comigo mesmo sobre aquilo. O objetivo não é evitar que surjam os pensamentos ruins, mas sim ser capaz de, quando vierem, manejá-los sem sofrimento e colocá-los no devido lugar de “obrigado por terem vindo, agora por favor retirem-se”.

2. Rivotril

É, já coloquei alguns embaixo da língua. Minhas crises podem ser classificadas em “leves”, “mais ou menos” e “pesadas” com base no uso desse comprimidinho mágico. Em crises leves consigo superar aquilo sem precisar usar um único comprimido. Naquelas que chamei de “mais ou menos”, uso um ou dois para colocar o trem de volta nos trilhos. E nas pesadas… Ah, meu amigo. Aí é festival de Rivotril.

Confesso que quando coloco um comprimido embaixo da língua uma frustração grande surge ao mesmo tempo. Hoje consigo encarar com mais naturalidade, mas ainda sim isso mexe comigo. Na minha cabeça o Rivotril é uma evidência de que não consegui segurar a onda sozinho. Porém, ele já foi necessário várias e várias vezes e, felizmente, ajuda bastante. Sempre ando com dois comprimidos na carteira para casos de emergência.

3. Chorar

Durante os períodos de crises e semicrises fico bastante emotivo. Choro com muita facilidade, até mesmo com coisas banais do dia-a-dia. Porém, existe um lugar especial em que tradicionalmente não consigo segurar as lágrimas: A igreja. Na verdade, faço zero esforço para segurar.

Lá eu não preciso falar uma única palavra e me sinto confortável para chorar o quanto for necessário. Dependendo da intensidade da crise basta tocar a primeira música de abertura do culto que eu já estou enxugando as lágrimas. É claro que é horrível chegar nesse ponto, mas quando acontece sinto um alívio enorme depois. É impressionante o poder que aquelas gotinhas de água que saem dos olhos têm para lavar a dor interna.

Então

Embora hoje me sinta muito bem, estas foram algumas das minhas formas de lidar com as crises (ou semicrises) de pânico. Durante esses momentos, mesmo que a intensidade não seja tão grande, fico com bastante medo de que o sofrimento de crises mais severas voltem a acontecer. Afinal de contas, pensar que alguns dos tormentos que passei voltem a me assombrar é assustador.

Logo, espero de coração que esse texto possa ter ajudado você de alguma maneira. Se você já passou por algo parecido, comente aqui e compartilhe conosco qual sua forma de lidar com isso. É parecida com a minha ou você faz algo diferente? Te vejo no próximo texto aqui do blog.

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Vanda
1 mês atrás

Na casa do Senhor podemos e devemos nos derramar em lágrimas pois também é um tipo de oração. 🙏🏻

Maria Aparecida Monteiro
3 dias atrás

Qdo fui parar no p.a. achava q estava tendo um infarto, mas simplesmente sem nenhum médico me atender já me deram alprazolam e me mandaram pra casa, sozinha (táxi), na madrugada. Como no plano saúde não tem psicológico ou psiquiatra, um clínico geral receitou alprazolam 0,25 mg pra tomar a noite e ao amanhecer. Só q não disse q seria por 3 meses, e depois teria q ir fazer desmame (isso só fiquei sabendo depois de um ano por um cárdio), mas agora estou viciada nessa 💩, e preciso de receita pra adquirir, mas não tenho + plano saúde e os médicos dos postinhos não têm autorização pra me dar receita. Sou obrigada a comprar de uma pessoa pagando muito caro. Mas é o q tenho pro momento.