Algo bom das crises de pânico? Se você já passou por isso ou conhece alguém que convive com essa doença sabe o caos emocional que ela traz. A pessoa fica desorientada, com medo de tudo e suscetível a pensamentos enlouquecedores.
Neste texto eu quero te contar um pouco sobre as minhas experiências com essa doença e de que forma, olhando pelo lado do copo meio cheio, ela me trouxe coisas boas.
É sério?
Sim, pode parecer estranho, mas quero compartilhar a visão positiva que passei a ter sobre as crises ao longo dos anos. É claro que eu preferia não ter passado por esses episódios todos que já contei aqui no blog, mas de alguma forma cada um deles me trouxe uma experiência importante.
Por favor, não pense que quero te convencer que síndrome do pânico é uma coisa boa e que todos deveriam passar por isso. É uma droga! Porém, quero apenas mostrar que sim, é possível tirarmos coisas proveitosas dessa doença.
1. Terapia
Aqui eu coloco pra você meu primeiro “presente” oriundo das crises de pânico: Terapia. Chamo isso de “presente”, pois sem o empurrãozinho dessa doença eu dificilmente teria começado.
Em 2019 quando apresentei os primeiros sintomas, procurei ajuda profissional para entender o que estava acontecendo. O começo do tratamento com a psicóloga foi majoritariamente voltado à contenção das crises e sintomas. Levou um bom tempo até conseguir me estabilizar emocionalmente.
Porém, após esse tempo, passei a usufruir de benefícios extras, os quais chamei aqui de presentes. A partir do instante em que controlamos as crises, as consultas voltaram-se para coisas muito mais profundas. As respostas para perguntas como “O que despertou aquele caos?”, “Quais são os meus gatilhos?” ou “O que me faz feliz?” começaram a surgir. Hoje percebo o quão bem isso me fez e o quanto cresci em aspectos da minha vida que nada tinham a ver com o pânico.
2. Reginaldo
Talvez você pense que sou um tremendo materialista, mas tudo bem. Ao longo das consultas na terapia, percebi o quanto um dos meus maiores sonhos só não era realizado por conta da minha própria covardia e procrastinação. As consultas me encorajaram a transformar aquele sonho de muitos anos em realidade.
Assim, em dezembro de 2020 comprei o meu xodó chamado Reginaldo – um Onix LT branco 1.4 ano 2016 com pouco mais de 20.000 quilômetros rodados na época.

E por que trato isso como um benefício das crises de pânico? Olhando para meu modus operandi, digo com segurança que eu levaria muito, mas muito mais tempo para comprar aquele carro, não fossem pelas consultas na terapia. Eu continuaria colocando mil e um empecilhos para não fazer aquilo.
Porém, ao longo do tempo, as crises abriram os meus olhos para enxergar o que me faz feliz e criei coragem para dar alguns passos para frente. Garanto que o Reginaldo não teria vindo tão cedo sem isso.
3. Dâmaris
Em julho de 2023 eu havia terminado um namoro que durava cerca de um ano. Porém, em abril de 2024, após a crise que tive e descrevi em “Meu tratamento para crises de pânico com remédios“, me senti aterrorizado sozinho no meu apartamento e precisei pedir por socorro. E adivinhem para quem eu liguei? Sim, minha ex-namorada: Dâmaris.
Ela sabia de todo o meu histórico e nem sequer pestanejou quando liguei. Abriu as portas da casa dela para um Matheus desesperado e com os olhos inchados de tanto chorar. Ficamos um bom tempo conversando sobre o que estava acontecendo e aos poucos fui retomando a sanidade. Depois desse dia nos reaproximamos muito, até o momento em que pedi ela em namoro novamente, cerca de 1 mês depois.
E por que coloco ela como um presente que a doença me trouxe? Pois se aquela crise não tivesse acontecido, eu seguiria minha vida como vinha fazendo até então e não teria percebido o quão privilegiado sou de tê-la ao meu lado. Foi como se meu velho conhecido – pânico – voltasse para me dizer “Ei, tu não percebeu que desse jeito que tu está vivendo não está legal? Muda agora!”. E minha mudança passa, e muito, por essa mulher. A crise, de certa forma, abriu meus olhos e me mostrou o que é importante e o que/quem me faz evoluir.
4. Fé
Ao longo da vida frequentei algumas igrejas, mas nunca com grande profundidade. Ia por algumas semanas, mas em seguida desanimava e parava de ir.
Bem, após a última crise em abril de 2024 percebi que faltavam muitas coisas na minha vida e que eu tinha um grande vazio espiritual. Não vou estender esse tópico, pois cada um tem sua fé e não quero aqui impor coisas que você não acredita. Saiba apenas que, para mim, esse foi um divisor de águas. A doença me fez ver o quão afastado eu estava de Deus e da minha própria fé.
Levou um certo tempo, mas consegui me voltar à vida com Cristo e hoje tento preencher o vazio que sentia até então. As idas à Igreja e a leitura da palavra de Deus se tornaram hábitos que felizmente passaram a fazer parte da minha rotina.
Resumindo
Leitor, ratifico o que escrevi no começo desse texto: não quero te vender que crises de pânico são coisas boas. Foi uma droga, é uma droga e continuará sendo!
Porém, hoje consigo enxergar os novos rumos que essa doença trouxe para minha vida. Todos são positivos? De jeito nenhum. Por vezes ainda evito enfrentar certos gatilhos que despertam meus medos e ansiedade. Porém, não consigo fechar os olhos para as coisas boas que surgiram na minha vida após alguns “empurrõezinhos” das crises.
Faz sentido isso pra você? Te vejo no próximo texto.
❤️❤️❤️