Como escrevo em Sobre mim, trabalho em uma empresa multinacional no Rio Grande do Sul e, talvez assim como você, já passei por crises de pânico durante o expediente. Quero te contar aqui sobre meu episódio mais recente e o que aprendi para tentar amenizar aquele turbilhão. São 5 dicas muito práticas e, ao menos no meu caso, bem efetivas.
A crise chegou
Em Meu tratamento para crises de pânico com remédios relatei sobre a crise que tive em abril de 2024 após diminuir a dosagem da minha medicação. Foram algumas semanas sombrias até conseguir me sentir bem novamente. Precisei me afastar do trabalho por alguns dias, pois estar no escritório naquele momento era muito difícil com as frequentes crises de pânico.
Quando retornei à empresa, cerca de uma semana depois, ainda sentia muito medo e chorava com bastante facilidade. Os primeiros dias foram caóticos e o período da manhã, por algum motivo, era a pior parte. Durante esse tempo acabei criando 5 rituais que me ajudaram nos momentos mais turbulentos. Abaixo eu te conto um pouco mais sobre eles.
1. Caminhar por alguns minutos
Especialmente durante as manhãs, no ápice das crises, eu pegava alguma coisa (uma caneta, uma peça ou meu notebook) e saía para caminhar dentro da empresa. O local onde trabalho é grande, então espaço é o que não falta. Por cerca de 20 minutos ou mais eu ia para um lado, ia para o outro, passeava pelas fábricas e com frequência parava para conversar com alguém.
Algumas vezes, em dias de chuva, cheguei a descer e subir as escadas do meu prédio de 5 andares duas ou três vezes. Quando voltava para minha mesa, na maioria das vezes me sentia um pouco melhor e mais “sóbrio” do que antes.
2. Conversar
Falar com alguns colegas sobre coisas aleatórias do dia ou problemas do trabalho me ajudava bastante a tirar o foco daquele caos interno. Acho horrível dizer isso, mas quando meus colegas falavam sobre seus próprios problemas particulares eu me sentia de certa forma mais calmo.
Por favor, não pense que sou alguém que gosta de ver as pessoas sofrerem ou coisas do tipo. Digo que eu me acalmava, pois era um momento em que eu conseguia desfocar do meu próprio problema e prestar atenção em outra coisa. Esse tipo de assunto se tornou uma válvula de escape no meu dia.
3. Desabafar
Aqui não se tratava apenas de conversar. Era desabafar sobre o que estava acontecendo comigo naquele instante. Não foram poucas as vezes que minha namorada incrivelmente parceira (e que trabalha na mesma empresa que eu) precisou me “socorrer”. Nossas conversas sempre giravam em torno do meu medo irracional de enlouquecer.
Além de tentar me trazer para realidade, ela me dizia uma frase que muito me ajudou: “Segura o choro, porque se tu começar não vai conseguir mais parar. Segura até chegar em casa”. E assim eu fazia. Às vezes conseguia segurar só até chegar no estacionamento da empresa no final do dia, às vezes aguentava até chegar em casa e em alguns dias ia dormir sem ter derrubado uma única lágrima sequer.
4. Beber água quente
Como assim? Calma que tem uma explicação! Bem, amo tomar café e ter esse momento de parar o que estou fazendo, sair da mesa e ir até a máquina para pegar uma xícara de café é um processo terapêutico para mim. Sabe aqueles 5 minutos de pausa do trabalho? Então, essa era e ainda é a minha forma de fazer isso.
Porém, passei a evitar cafeína naquele período de ansiedade extrema e acabei substituindo a bebida por uma simples xícara com água quente. Não era o processo completo que eu estava acostumado, mas pelo menos eu conseguia manter aquela parte terapêutica do dia que me fazia bem.
5. Uma atividade que me dê prazer
No geral gosto muito do meu trabalho, mas é claro que algumas coisas eu faço com mais tesão do que outras. Assim, neste período de crise, eu tentava sempre que possível separar um pedaço do dia para fazer as atividades profissionais que mais me satisfaziam. Normalmente elas não eram as mais urgentes nem as mais importantes, mas decidia fazer mesmo assim para tentar me ajudar a passar por aquele momento.
E hoje?
Hoje me sinto recuperado e e em paz na maioria dos dias. Eventualmente me pego lembrando de algumas situações ou locais em que eu estava prestes a chorar e lembro das coisas que fazia para tentar tirar o foco daquilo, tais quais a que descrevi acima.
Se você leitor passa por isso ou conhece alguém que esteja passando por crises de pânico no ambiente de trabalho, espero que esse texto possa trazer algum conforto. Pequenas saídas, válvulas de escape ou coisas que ajudem a tirar o foco dos pensamentos turbulentos são muito bem vindas para alguém nessa situação.
Te vejo na próxima história!