Hoje quero te contar uma técnica utilizada pela minha namorada – Dâmaris – durante uma de minhas crises de pânico. Com uma simples folha de caderno e uma caneta ela conseguiu acalmar o caos que estava dentro da minha cabeça. Fiz questão de transformar esse episódio em um texto, pois acredito que possa ser uma ferramenta poderosa para ajudar outras pessoas também.
Não sei se já existe um nome para esse método que ela usou para me ajudar a vencer uma das crises de pânico, então vou tomar a liberdade de chamá-lo aqui de “a técnica de Dâmaris”, ok?!
Um breve contexto
Em março de 2025 passei por um episódio que despertou gatilhos importantes em mim. Esses gatilhos, logo depois de ativados, me colocaram em uma crise que considero de média intensidade. Minha namorada acompanhou de perto essa situação e, infelizmente, sofreu junto comigo durante esse tempo.
Certa manhã estávamos sentados na sacada do apartamento tomando chimarrão e conversando sobre a crise. Então, falei para ela os principais sentimentos e pensamentos negativos que passavam pela minha cabeça e o quanto eles me machucavam: Medo daquilo não passar e medo de não saber o que fazer caso a crise piorasse.
Eis então que ela, Dâmaris, se levantou, pegou um caderno e uma caneta preta, se acomodou na cadeira e começou a me provar que aqueles pensamentos todos eram mentirosos.


Calma, pois eu sei que essas imagens e palavras podem não fazer sentido para você nesse momento. Mas, eu quero te explicar rapidamente o que significam e o resultado dessa obra.
1 – Medo de não passar
Parecia que aquela sensação horrível nunca mais sairia de mim e que minha vida permaneceria assim todos os dias. Obviamente minha mente não estava bem e transformou essa grande mentira em uma verdade. Na técnica de Dâmaris essa “verdade” foi combatida da seguinte forma: Esse não é você!
É claro que em situações como essa é difícil fazer com que a pessoa em crise entenda e acredite no que você está dizendo, pois a mente dela está falando um milhão de coisas negativas. E aqui, portanto, entram todas aquelas palavras e desenhos da primeira foto. Ali minha namorada descreveu as coisas que hoje me definem e que me dão prazer.
- “Canas”: Ótima viagem que fizemos juntos no último verão para a praia de Canasvieiras em Florianópolis.
- “Bola”: Lembrança de como gosto de jogar bola nas quartas-feiras após o trabalho.
- “Blog”: Sim, o Tchau, pânico! também foi citado.
- “Naldo”: Apelido carinhoso do meu carro que se chama Reginaldo e que trato como filho.
- “Eu”: Se referindo a ela, Dâmaris.
- “Jesus”: Lembrança do quanto tentamos seguir uma vida cristã e o quanto Deus é bom conosco.
- “Pai, mãe, etc.”: Referência aos meus familiares mais próximos e amigos queridos.
2 – E se a crise piorar?
Logo no título da segunda foto você pode perceber que ela escreveu “véia”, pois temos o costume de chamar um ao outro de “véio” e “véia” (de forma carinhosa, é claro). Assim, a mensagem ali passada era de que essa preocupação sobre o que fazer não era minha, mas sim dela… Ela iria me ajudar a encontrar uma saída.
As opções listadas foram apenas para me mostrar que ela já tinha cartas preparadas na manga:
- “Médico”: Ir ao hospital para recorrer à medicação mais forte, se necessário;
- “Vladi”: Fazendo menção ao pastor da nossa igreja, que certamente estaria de braços abertos para ajudar.
- “William”: Meu psicólogo e homem em quem confio muito.
- “Andar de carro”: Adoro dirigir e estar atrás do volante me ajuda muito a aliviar a cabeça.
- “Pai, mãe, mãe”: Ir visitar meu pai, minha mãe ou minha sogra (nesse caso, mãe da Dâmaris).
E o que aconteceu depois?
Ainda fiquei um pouco desnorteado por mais alguns dias, mas com intensidades cada vez menores. Minha mente foi convencida pela “técnica de Dâmaris” (durante uma daquelas crises de pânico de média intensidade) de que aquele realmente não era eu.
Durante nossa conversa ficou muito claro para mim o quão distante eu estava da realidade naquele momento e o quanto a minha mente criava pensamentos mentirosos sobre mim mesmo. Além disso, também me senti muito aliviado em saber que caso alguma coisa ruim acontecesse eu estaria bem cuidado. Parece pequeno, mas isso tira um peso da sua cabeça e te permite focar em vencer a crise.
E você? Já precisou fazer algo parecido para ajudar alguém em crise? Ou, se você é aquele que passa por crises, já fizeram algo com você para vencer essa situação? Conhece outras técnicas que possam ajudar? Seu comentário é muito bem-vindo aqui no blog para ajudar outras pessoas.
Te vejo no próximo texto.
Obrigada por compartilha sua experiência, vou repassar para meu amigo a esposa está com síndrome do pânico. Deus abençoe você ricamente
Olá Socorro!
Eu que agradeço por compartilhar o nosso conteúdo com aqueles que precisam de ajuda. Terapia e medicação são fortes aliados nessa luta, mas ter pessoas próximas que consigam “nos trazer de volta para realidade” é fundamental também. Espero que seu amigo e a esposa consigam superar esse momento difícil.
Um forte abraço no coração!
Passei e passo tanto por isto, sem ajuda, sem ninguém, sem remédio. Ainda tenho ansiedade extrema e depressão. A vtd de deitar e chorar é mt grande mas não posso de dar este luxo por medo de não conseguir parar, bora pra frente que tem casa toda pra cuidar.
Quero te parabenizar por esse blog!
São tantas pessoas que precisam de uma palavra, alguém que as escute e principalmente que ao menos tente entendê-las, porque o sofrimento é real e muito maior do que possamos perceber e entender 😔.Três pessoas muito próximas e queridas estiveram por muito tempo neste sofrimento, e no primeiro momento o medicamento é fundamental; aos poucos foram diminuindo e hj estão bem! Mas a atividade física, leitura e uma forma de ocupar a mente são fundamentais!
Desejo de todo coração que vocês que estão hj atravessando este momento tão difícil fiquem bem 🙏